Você com certeza já parou na frente do seu computador enquanto estava fazendo o download de um arquivo e se perguntou: se eu comprei um plano de 1Mega, por que minha transferência não passa de 100 Kb/s? Da mesma forma, certamente você também já escutou de alguém que a razão para tal diferença é a má qualidade das conexões nacionais e blá, blá, blá. Digamos que não é bem assim.
As conexões são mesmo de má qualidade
Prestação de serviços de internet de qualidade não é o forte das empresas nacionais. As razões para a degeneração das nossas conexões são várias, desde as altas cargas tributárias que embargam os projetos de expansão do setor privado até a impunidade pelo desrespeito ao consumidor.
A má qualidade das conexões pode até ser observada na taxa de transferência do seu navegador, que pode beirar uma instabilidade estonteante. Mas não vamos culpar os números exagerados vendidos pelas empresas. Um Mega comprado, não é um Mega na prática.
Bits e Bytes
A razão maior de confusão entre os compradores de planos de internet é a unidade de medida usada para vender pacotes e a unidade de medida usada na prática pelas aplicações do seu computador. Os pacotes de velocidade de dados de uma conexão são expostos nos anúncios em Mbps, megabits por segundo, ou Kbps, quilobits por segundo. Ao mesmo passo em que aplicações usam suas medidas em Mb/s, Megabytes por segundo, ou Kb/s, Quilobytes por segundo. A diferença entre essas unidades de medida é considerável em termos numéricos.
Um byte pode ser descrito como um caractere qualquer, uma letra ou um número. Todo byte é formado por 8 bits, ou seja, toda vez que tomamos uma mesma medida em bytes e em bits, a diferença entre os valores será de 8 vezes.
Se você tomar, por exemplo, uma conexão de “um Mega”, ela na verdade tem a velocidade de 1 Mbps, um megabit por segundo. O que leva a sua conexão a ter uma taxa de transferência de aproximadamente 128 Kb/s. Como eu disse, a má qualidade das conexões nacionais pode ser observada na incapacidade das operadoras em oferecer um serviço que de fato mantenha a devida velocidade. Quem compra um Mbps das operadoras está acostumado a ver taxas de transferência de 100 Kb/s ou até menos.
Faça as contas com a sua conexão
Divida o valor da sua franquia por 8, e você encontrará a taxa de transferência em Kb/s. Você perceberá em seguida que esse valor quase nunca é alcançado pelo seu navegador ao baixar um arquivo. Além das velocidades instáveis, outro grande problema enfrentado pelos consumidores de serviços de internet no país é a “crise da banda não tão larga”. Nesse cenário, um download ou uma página carregando um vídeo da internet podem arruinar outros serviços usando a rede.
Nesse jogo de “passa a culpa para o próximo” que vemos hoje entre empresas e governo, nós é que sofremos. Os consumidores que ainda pagam valores exorbitantes em conexões de qualidade baixa. Os consumidores que não podem fazer nada além de cruzar os braços e assinar o cheque no fim do mês.
Por Thiago Resende